Para os protagonistas Jensen Ackles e Jared Padalecki, que interpretam os irmãos caçadores de demônio Dean e Sam Winchester, a convivência profissional se converteu em uma amizade pessoal e duradoura. Em perfeita sintonia durante o painel, os dois brincaram e tiraram sarro a toda oportunidade. “Já morri 40 vezes em um episódio”, soltou Jensen. “Não agüento mais chorar no seu ombro”, completou Jared.
A afinidade é natural: nas duas primeiras temporadas, eles eram os únicos nomes creditados no elenco fixo e os episódios mais pareciam peripécias avulsas da dupla, que chegava em uma cidade, salvava o local de criaturas e assombrações e se mandava no dia seguinte em um icônico Impala. Em seu decorrer, o enredo ficou mais complexo e a continuidade passou a ser muito mais relevante. O ator Jim Beaver, no papel do caçador Bobby Singer, que acolhe Sam e Dean como figuras filiais, tornou-se recorrente. O mesmo se deu com Misha Collins, que interpreta o anjo Castiel.
Não era intencional, contudo, que “Supernatural” se estendesse até o seu 7º ano: os planos do criador Eric Kripke era encerrá-la com um ponto final definitivo na 5ª temporada. O sucesso falou mais alto e a emissora encomendou a renovação, dando-lhe sobrevida de dois anos consecutivos. Kripke passou o bastão – ainda continua creditado como produtor executivo – e a roteirista Sera Gamble foi encarregada de definir os rumos da saga. Sob sua tutela, a 6ª temporada de “Supernatural” culminou em Sam e Dean diante de um Castiel ameaçador, em nada semelhante ao anjo camarada que foi um dia.
Na trama, Castiel absorveu em si todas as almas do Purgatório e se transformou em uma fonte de energia tão poderosa quanto perigosa – um novo Deus, enfim. “Sou um ator metódico e tirei a inspiração de minha vida pessoal”, brincou Mischa, quando indagado sobre interpretar um personagem onipotente.
Como era de se esperar, Castiel terá enorme destaque no primeiro episódio da nova temporada, ainda que muitas de suas ações sejam mantidas em segredo. “Dará aos fãs muito que falar”, prometeu Gamble, enigmática.
Engana-se, porém, quem pensa que Castiel será o principal vilão da 7ª temporada. Ao término da 6ª, ficou essa impressão, mas, de acordo com Jim Beaver, somente no segundo episódio da nova temporada a grande ameaça dos próximos capítulos será revelada.
O ator também sugere que este vilão, seja lá quem for, será algo nunca visto antes pelo público – o que, considerando que até mesmo Lúcifer, o Demônio em pessoa, já foi explorado em “Supernatural”, eleva – e muito – as expectativas.
Mas o processo de produção deve ser invertido a princípio: o primeiro episódio a ser gravado será, justamente, o terceiro a ir ao ar. Isso porque Jensen, o Dean, irá assumir a direção do capítulo, e precisa aproveitar o tempo extra do hiato para se preparar devidamente. O ator já dirigiu um episódio antes – o quarto da 6ª temporada, “Weekend At Bobby’s”, centrado no personagem de Beaver – e diz ter aprendido muito com a experiência.
O episódio que conduz dessa vez mostrará um pouco da juventude dos irmãos Winchester, com um Sam adolescente ponderando suas opções de futuro.
Já o Sam do presente ainda estará sofrendo pelas atribulações da temporada passada, quando recobrou todas as memórias do tempo em que sua alma foi torturada no inferno. “Recomeçaremos no mesmo ponto em que paramos, e acho que tanto o público quanto nós, atores, ficaríamos desapontados se houvesse um avanço no tempo”, disse Padalecki. Com essa decisão, o personagem pode lidar com suas mazelas. “Sam passou pela pior experiência que jamais passará, e precisa reconhecer isso para seguir adiante”, refletiu.
O ator também encara o atual momento de Sam como o maior desafio dramático que já enfrentou em sete anos de programa. “Antes, o Sam desalmado não tinha emoção, apenas razão. Agora vai ser o oposto”, comentou. Padalecki também garante que o vínculo entre os irmãos estará ainda mais forte. “Dean fica meio assustado com o que se passa com Sam, e Sam tem a tendência a fingir que está bem e sorrir. Dessa vez, Sam vai admitir que não está bem, mas que está lidando com isso de sua maneira”, explicou.
Enquanto Sam evolui, outras coisas permanecem as mesmas. Os fãs de “Supernatural” podem esperar o retorno de rostos conhecidos como Mark Sheppard, que interpreta o demônio Crowley, e Kim Rhodes, a Xerife Mills, que de vez em quando mete o bedelho nas investigações de Bobby Singer. Haverá também um retorno inesperado: Alona Tal como Jo, personagem que morreu na 5ª temporada. “Sério?”, perguntaram Jensen e Jared, visivelmente surpresos, depois que Gamble revelou a volta da garota.
Não é de se espantar: em “Supernatural”, os personagens vão e voltam do mundo dos mortos como se estivessem indo na esquina. Faz parte da mitologia da série e contribui para o seu sucesso. E bota sucesso nisso: a matéria-prima foi retrabalhada em um anime japonês ainda inédito, cujos trechos foram exibidos em primeira mão na Comic-Con. Ackles e Padalecki emprestam as vozes às versões desenhadas de Dean e Sam. “Quem adivinharia que tínhamos tantos fãs no Japão?”, comentou Gamble, empolgada. E no Brasil e no restante do planeta também.
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